Ações Disruptivas no Espaço Urbano

  • Antonio Araújo

Resumo

Como criar ações que sejam capazes de interferir no espaço público, criando
zonas de perturbação e desequilíbrio que, ao mesmo tempo, desestabilizem a
relação funcionalista e de uso cotidiano do espaço? As ações disruptivas
buscam justamente provocar ruídos, estranhamentos ou falhas em lugares
públicos, revelando contradições no espaço e/ou contradições do espaço.
Trabalhando em outro tempo-ritmo, investindo em diferentes regimes de
velocidade, instauram modos de percepção e de experiência diferenciados.
São também capazes de desvelar práticas, lugares, arquiteturas e memórias
que se encontravam escondidas ou soterradas, por meio de ações físicas e
vocais concretas, realizadas pelos performers. Tal dinâmica gera
mapeamentos alternativos do espaço urbano, percebido a partir de corpos em
movimento, os quais criam uma geografia coletiva — e do coletivo. Nesse
sentido, as ações disruptivas, ao promoverem uma produção temporária de
espaço, interferem na dimensão pública dos lugares de circulação na cidade.
Diferentes espaços e tempos se justapõem ou, ainda, são criados entreespaços,
fendas que se tornam visíveis, revelando a coexistência de distintas
cidades em um mesmo território urbano. Este artigo, portanto, pretende tratar
das intervenções temporárias provocadas por ações disruptivas em espaços
públicos, descrevendo e analisando tais ações.

Referências

ARDENNE, Paul. Un Art Contextuel. Paris: Flammarion, 2002.

CARERI, Francesco. Walkscapes. El andar como práctica estética.

Barcelona: Editoral Gustavo Gili, 2009.

CARREIRA, André. “Teatro de invasão: redefinindo a ordem da cidade”, In:

LIMA, Evelyn Furquim Werneck. Espaço e Teatro: do edifício teatral à cidade

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LYNCH, Kevin. A Imagem da Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2006.