Pinóquios de Carmelo Bene e a Constituição de uma Máquina Atorial

  • Silvia Balestreri Nunes

Resumo

Com a publicação, no ano de 2010, de uma tradução brasileira para o principal
texto do filósofo Gilles Deleuze acerca do teatro de Carmelo Bene — Un
Manifeste de Moins —, é perceptível um aumento do interesse no país pela
obra desse criador italiano, falecido em 2002, após uma fértil carreira no teatro,
no cinema, tendo também realizado produções para rádio e televisão.
Destacam-se ainda, em sua obra, uma rica discografia, produções que se
caracterizam por aproximar-se da música operística e uma literatura para e
sobre a cena que impressiona pela singularidade, ironia e riqueza de estilo. É
com a obra impressa ou registrada em suportes audiovisuais que se conta hoje
para captar o que de novo ainda aportam as criações do artista e suas
contribuições para a própria cena e para o pensamento sobre esta.
Acrescentem-se a elas a possibilidade de leitura dos signos, através de uma
memória das sensações de seus espectadores, na direção que lhe dá Deleuze
inspirado em Proust. Propõe-se, nesta comunicação, a apresentação de um
estudo da obra Pinocchio, de Collodi, segundo Bene, através de uma
comparação entre o texto original de Collodi e o texto do próprio Bene
publicado em suas obras completas. Será considerada, ainda, na presente
análise, a versão televisiva de Bene para o Pinocchio e textos de especialistas
em sua obra. Este estudo pretende traçar uma aproximação ao conceito de
máquina atorial inventado por Bene, buscando compreender em que medida
ele começou a ser desenvolvido em seus muitos “Pinóquios”, bem como
destacando as características da atorialidade beneana ali presentes.

Referências

BENE, Carmelo. Opere. Milão: Bompiani, 1995.

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versão televisiva a partir de Carlo Collodi. Mise en scène de C. Bene.

Produção RAI et Nostra Signora s.r.l., 1999. Duração 75m. (difundido

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