Água Viva: experimento criativo de um corpo-fluido

  • Patrícia Caetano
  • Ciane Fernandes

Resumo

Este trabalho pretende discutir os princípios norteadores do processo criativo
da performance “Água Viva”, por meio da qual procura-se responder à hipótese
de que a técnica somática Body Mind Centering (BMC) e os processos
corporais por ela desencadeados permitem a construção de um corpo-fluido,
poroso, permeado por intensidades e aberto aos devires. “Água Viva” é fruto de
investigações poéticas em torno do elemento água e tem como tema a tríade
nascimento-morte-renascimento. O princípio motor desta performance é a
consciência celular, que pode ser vivenciada por meio de imagens
corporificadas e constitui um dos princípios básicos do BMC. As imagens da
água foram evocadas por um corpo-zona-limítrofe que em sua potência de
abertura aos devires líquidos passeia pela vida das partículas aquáticas
presentes no microcorpo-celular, corpo-placenta, corpo-cosmo-oceano. Esse
corpo-zona-limítrofe é o próprio corpo-fluido que em sua qualidade de fluidez e
vibratilidade torna-se limiar, lugar de passagem. Os “sacos d’água’ que
constituem a série dos Objetos Relacionais, criados pela artista plástica Lygia
Clark, foram utilizados no intuito de potencializar o acesso tanto imagético
quanto sensível e intensivo-vibrátil do corpo-fluido.

Referências

BACHELARD, Gaston. A Terra e os Devaneios do Repouso. São Paulo:

Martins Fontes Editora. 1990.

COHEN, Bonnie Brainbridge. Uma Introdução ao Body Mind Centering. In:

Cadernos do Gipe-Cit, n. 18, Salvador, abril, 2008. Trad. Patrícia Caetano.

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Mind Centering. Northampton: Contact Editions. 1993a.

FERNANDES, Ciane. O Corpo em Movimento: o Sistema Laban/Bartenieff na

formação e pesquisa em artes cênicas. São Paulo: Annablume. 2006.

HARTLEY, Linda. Wisdow of the body moving. An introduction to Body-Mind

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ROLNIK, Suely . Lygia Clark artista contemporânea. In: Nietzsche e Deleuze

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. O corpo vibrátil de Lygia Clark. In: Caderno Mais, Folha de São

Paulo. São Paulo. Abril, 2000.