A roda, a engrenagem e a moeda: espaço cênico e vanguarda no Teatro de Victor Garcia, no Brasil

  • Newton Armani de Souza

Resumo

Entre 1968 e 1973, o encenador argentino Victor Garcia atuou no Brasil, sendo
responsável por montagens que ganharam notoriedade, em particular, com relação ao uso
inovador do espaço cênico, levando em conta os padrões vigentes no país até então.
Cemitério de automóveis, a partir de textos de Fernando Arrabal, antecipou a montagem de
O balcão, de Jean Genet, um dos espetáculos mais arrojados dentre as experiências
modernas e contemporâneas. Seguiu-se a frustrada experiência enfeixada sob o título de
Autos Sacramentais, de peças de Calderón de La Barca, em temporada internacional pelo
Oriente Médio e Europa. A trajetória de Garcia reflete o desvio do cerne da experiência
teatral, colocando em segundo plano a relação entre ator e espectador, em favor da
espetacularidade, o que confere à experiência caráter conservador, quando analisada à luz
dos conceitos de desumanização defendidos por Bertold Brecht e Ernest Fischer.

Referências

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Seção
Teatro Brasileiro