Materialidade e Imaterialidade do Corpo nas Artes Cênicas e na Filosofia

  • Charles Feitosa

Resumo

O corpo constitui a matéria-prima fundamental das artes cênicas. Na filosofia, entretanto, a dimensão material das obras de arte foi predominantemente considerada apenas um meio para instauração da forma. Essa marginalização do material atinge tanto os materiais típicos tais como tinta, mármore ou bronze, como também a corporeidade humana. O auge dessa concepção ontológica que separa e hierarquiza forma e matéria são as Lições de Estética de Hegel, onde é estabelecido um sistema classificatório das manifestações artísticas baseado no maior ou menor grau de superação do caráter cru, natural, imediato e inferior da matéria. Nesse contexto a dança será equiparada por Hegel com a arte da jardinagem, devido a seu caráter imperfeito, excessivamente vinculado ao corpo. Nos séculos XX e XXI percebemos aspectos conflitantes, de um lado, tentativas de reabilitação da materialidade do corpo para além da ditadura da forma; de outro lado, uma tendência preocupante rumo a uma des-materialização do corpo, principalmente graças a crescente interação das artes cênicas com o cinema, o vídeo, o computador e a internet. O objetivo da presente comunicação é refletir sobre os pressupostos filosóficos das apropriações contemporâneas da materialidade e da imaterialidade do corpo nas artes cênicas, especialmente, na dança.

Referências

Aristóteles, Fisíca, Editora Unicamp, 2009.

Hegel, Lições sobre Estética, EDUSP, 1999.

Seção
Territórios e Fronteiras da Cena