Arte da Presença: por uma estética da existência em Sonia Mota

  • Rosa Cristina Primo Gadelha

Resumo

Desde o inicio do século XX, diversas experiências em dança trazem em si a
noção de um espaço intracorporal, animada por uma diversidade de ritmos neurológicos,
orgânicos, afetivos. Tais experiências encontram paralelo com experimentos científicos, que
assinalam, sobretudo, uma ligação íntima entre percepção e mobilidade. Para Rudolf Laban,
o primeiro dever do bailarino é desenvolver um “saber-sentir”. Talvez imbuída desse “sabersentir”, em ressonância com a compreensão do espaço intracorporal, a composição solística se destaque como um dos fenômenos mais importantes da dança moderna – seja na dança “natural” de Isadora Duncan, a dança de “expressão”de Mary Wigman, a dança “espiritual” de Ruth Saint Denis ou mesmo a dança “grotesca” de Valeska Gert. É nesse contexto que traremos à discussão a corporeidade dançante de Sonia Mota.

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Seção
Pesquisa em Dança no Brasil: Processos e Investigações