Pistas e vestígios da dança afro em Goiânia

  • Renata de Lima Silva Universidade Federal de Goiás
  • Olga Raissa Rodrigues Universidade Federal de Goiás

Resumo

No século XX, a indignação dos negros foi se transformando em reivindicações políticas organizadas a partir do Movimento Negro, que, entre outras coisas, defendia a afirmação étnico-racial e a valorização da herança africana na sociedade nacional. Nesse contexto, as atividades culturais tiveram grande importância para a mobilização política e a (re)construção de uma perspectiva de identidade negra. Principalmente, a música, o teatro e a dança mostravam-se como expressões artísticas capazes de propagar esses ideais. A partir de 1945, a afirmação da identidade e consciência negra ecoa no universo da dança, através das danças que se convencionou chamar de Dança Afro. Então, a Dança Afro-brasileira opera num território de confluência entre a dança espetacular e a cultura afro-brasileira. De um lado, a dança pensada para o espaço do palco e baseada em princípios técnicos oriundos da dança moderna, sobretudo norte-americana; e de outro, as danças de roda, festas e rituais religiosos. Essa proximidade com as culturas tradicionais e um entendimento valorativo de desprestígio da cultura afro-brasileira em relação a uma suposta “cultura erudita” fizeram com que a Dança Afro fosse invisibilizada na história da dança moderna brasileira. Nesse sentido, pretendemos, no presente artigo, apresentar alguns elementos históricos da Dança Afro na cidade de Salvador e Rio de Janeiro e apontar algumas pistas e vestígios da chamada Dança Afro na cidade de Goiânia.

Biografia do Autor

Renata de Lima Silva, Universidade Federal de Goiás
Doutora em Artes pela Unicamp, professo do Programa de Pós-graduação em Performances Culturais e do Curso de Dança da UFG.
Olga Raissa Rodrigues, Universidade Federal de Goiás
Graduada em Dança pela UFG.

Referências

FERRAZ, Fernando. O fazer saber das danças Afro: investigando matrizes negras em movimento. São Paulo: Unesp, 2012.

MONTEIRO, Marianna. Dança Afro: uma dança moderna brasileira. Rio de Janeiro: Unesp, 2003.

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RIBEIRO, Luciana Gomes. Breves danças à margem: a constituição de uma história artística da dança em Goiânia (1982-1986). 2010. 407 f. Tese (Doutorado em História) - Faculdade de História, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2010.

SILVA, Renata de Lima. Corpo limiar e encruzilhadas: processo de criação na dança. Goiânia: Editora da UFG, 2012.

XAVIER, Evandro dos Passos. Companhia de Dança Afro Bataka: ações artísticas, socioculturais e políticas. São Paulo: Unesp, 2011.

Publicado
2019-05-09
Seção
O Afro nas Artes Cênicas: performances afro diaspóricas em uma perspectiva de decolonização