Metodologia destinerrante para um corpo em processo

Resumo

Ao longo do doutorado, venho realizando uma pesquisa guiada pela minha prática enquanto encenadora e professora de direção. Esta investigação se concentra na relação corporal estabelecida entre atrizes, atores e encenadora no processo de criação teatral. Parto, portanto, da experiência vivida pelo meu próprio corpo, habitante da encruzilhada existente entre os fazeres artístico, docente e acadêmico. Um corpo que se encontra inserido no processo, que está em processo, e que é o próprio processo. Ele incita o atravessamento da pesquisa pela minha caminhada nômade e destinerrante dos últimos anos, que marca indelevelmente o meu fazer enquanto doutoranda e que transparece na escrita. Por se tratar de um “objeto” de estudo instável, flutuante, atópico, efêmero, complexo, em ebulição, em evolução, como o próprio sujeito da pesquisa o é, torna-se necessário a adoção de procedimentos teórico-metodológicos que não o sufoque em epistemologias caducas sem que haja prejuízo do rigor necessário para uma tese deste nível. Nesta premissa, procuro desenvolver neste artigo alguns dos pressupostos teóricos que me apoiam na formulação de uma metodologia para esta pesquisadora destinerrante. Partindo do pensamento de Jacques Derrida, de conceitos apontados por Sophie Proust em seus estudos acerca da direção de atores, da pesquisa guiada pela prática artística e da crítica genética, desenvolvo as noções de “subjétil”, “destinerrância”, “adestinação”, “olho de fora” e “on stage” dentro deste grande processo que é o doutorado. Ao tencionar as fronteiras, levando ao extremo os pontos de convergência entre as diferentes práticas, percebo que os resultados até agora encontrados apontam para a potência desta aproximação entre fazeres distintos. As práticas se contaminam neste meio, neste átopos que é a pesquisa guiada pela prática artística, enriquecendo a minha criação teórica, artística e docente.