Decolonialidade e dramaturgia contemporânea antropofágica no intercâmbio com o Odin Teatret

  • Juliana Capilé Rivera Universidade Federal de Mato Grosso
  • Maria Thereza de Oliveira Azevedo Universidade Federal de Mato Grosso

Resumo

O objetivo desse artigo é analisar elementos de pós-colonialidade no intercâmbio iniciado na década de 1970 até 1990, ocorrido entre o Odin Teatret, sediado na Dinamarca e países latino-americanos, observando a influência recebida pelo grupo europeu ao tomar contato com a realidade dos grupos latino-americanos. O que se pode observar é que a dramaturgia dos espetáculos do Odin Teatret possui a influência latino-americana, mostrando que o grupo não somente influenciou a cena latino-americana, como também foi influenciado por ela. Acredita-se que este intercâmbio profícuo e conflituoso pode ter instigado mudanças na condução dos estudos teatrais e práticas estéticas do grupo dinamarquês em suas incursões pelo mundo. Para observar como se deu este intercâmbio observo os registros realizados durante os encontros de teatro desde a década de 1970 até 1990, em especial dos grupos participantes do Festival de Caracas (1976), além de registros dos atores europeus. Para um olhar decolonial deste intercâmbio, se apoia nos estudos de autores como Anibal Quijano, Madina Tlostanova, Santiago Castro-Gomez, Ramón Grosfoguel e Walter Mignolo.

Biografia do Autor

Juliana Capilé Rivera, Universidade Federal de Mato Grosso

Possui graduação em artes cênicas - Direção Teatral pela Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP(2004). Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Teatro. Experiências em direção teatral, dramaturgia e atuação para teatro e cinema. Integrante fundadora da Cia Pessoal de Teatro, como atriz, diretora e dramaturga. Participa como organizadora e do Movimento de Teatro - MT. Co-realizadora do Núcleo de Pesquisas Teatrais. Co - produtora do Seminário Internacional de Teatro - ENCONTROS POSSÍVEIS. Participa do Coletivo à Deriva - Intervenções Urbanas.Integrante do grupo de pesquisa Artes Híbridas/ ECCO - UFMT. Mestra em Estudos de Cultura Contemporânea / ECCO - UFMT. Doutoranda em Estudos de Cultura Contemporânea / ECCO - UFMT. Artista residente do Nordisk Teater Laboratorium (Odin Teatret - Dinamarca).

Maria Thereza de Oliveira Azevedo, Universidade Federal de Mato Grosso
Doutora em Artes Cênicas pela Universidade de São Paulo, ECA/USP, Mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo, ECA/ USP. Graduada em Comunicação pela Universidade de Brasília, UnB. Especialização em roteiros cinematográficos pela Escuela de Cine de San Antonio de Los Baños, Cuba. Professora Associada do Departamento de Artes da UFMT. Foi coordenadora do Programa de Pós Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea ECCO na Universidade Federal do Mato Grosso. É lider do grupo de pesquisa Artes Hibridas: intersecções, contaminações e transversalidades. Tem experiência nas áreas de Artes, Cidade e Comunicação, com ênfase em: micropolíticas urbanas, performance, hibridações, contaminações, transcriações da cena contemporânea: o palco, a rua, a cidade; roteiros cinematográficos; poéticas audiovisuais contemporâneas, instalações, vídeo-arte, vídeo ativismo. Cineasta, roteirista, Artista visual. Atualmente pesquisa colonialidade, feminismo e arte contemporânea. Prêmio Salão de arte do Centro Oeste, pelo Coletivo à deriva, prêmio melhor documentário brasileiro por Memórias Clandestinas no Festival Internacional do Cinema Feminino, Prêmio melhor pesquisa nacional na área da comunicação por Imagens da cidade: video e história em construção para o ensino fundamental. Membro da diretoria da ANINTER Associação Nacional de Programas de Pos-graduação Interdisciplinares.Membro da Rede CO3 de pesquisa em Arte, cultura e tecnologias contemporâneas. Membro da ANPAP Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plasticas, membro da ABRACE Associação Brasileira de Pesquisa e Pós Graduação em Artes Cênicas. Líder do Coletivo à deriva de intervenções urbanas na cidade de Cuiabá,

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Publicado
2019-06-08
Seção
Dramaturgia, Tradição e Contemporaneidade