Por uma dança transimanente: o corpo cênico divinizado no processo de criação do espetáculo Traços de Esmeralda

  • Ana Flávia Mendes Sapucahy Universidade Federal do Pará

Resumo

Este texto trata de aspectos concernentes a uma poética vinculada ao projeto Deusa: uma coreofotografia do sagrado feminino na religiosidade brasileira, desenvolvido junto aos grupos de pesquisa Coreoepistemologias e Tambor e contemplado com o Prêmio de Pesquisa e Experimentação Artística do Programa Seiva 2018, da Fundação Cultural do Pará. Seu objetivo é abordar minha concepção de corpo como artista-pesquisadora no processo de criação do espetáculo Traços de Esmeralda. O estudo parteda “fotografia documental” de Guy Veloso – investigador do transe em práticas religiosas e cênicas – para chegar à coreofotografia, proposição de minha autoria entendida como revelação da transcendência na “dança imanente” (MENDES, 2010). A pesquisa caminha ao encontro da entidade cigana Esmeralda, cujo arquétipo remonta às minhas avós, e aciona as noções de “sagrado feminino” (CAMPBELL, 2015) e “corpo divinizado” (MARTINS, 2008) para falar da invenção de uma deusa na construção de uma dança que entende transcendência e imanência como uma mesma substância: o corpo. Ao perceber as transformações de um pensamento em dança atravessado por um pensamento em fotografia, observo as nuances de “estados de corpo e consciência” (BIÃO, 2009) nadança e compreendo a mim mesma como um corpo cênico divinizado, concebido a partir de traços de uma divindade cultuada na umbanda em diálogo com minha própria ancestralidade.

Referências

BIÃO, Armindo Jorge de Carvalho. ETNOCENOLOGIA E A CENA BAIANA: textos reunidos. Salvador: P&A Gráfica e Editora, 2009.

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Publicado
2019-05-08
Seção
Etnocenologia