O duplo na dramaturgia: propostas de análise

Resumo

O presente artigo se propõe a investigar o duplo na dramaturgia, de modo a estudar peças do século XX que revolucionaram o teatro e trouxeram novas perspectivas estéticas. A pesquisa encontra-se em andamento, apresentando-se aqui, apenas, resultados preliminares. Nesse sentido, Beckett, com a peça O Improviso de Ohio (1980), articula o tema do duplo relacionando-o à vida e à morte. O dramaturgo Eugène Ionesco estruturou A Cantora Careca (1949) sobre o mesmo espectro, revelando os duplos de maneira clara em sua peça, de tal maneira que o espectador/leitor se perde na teia de fatos que envolve a história e os seus espelhamentos. Já Luigi Pirandello, com sua célebre obra Seis Personagens À Procura de um Autor (1921), tratou sobre o teatro através dele mesmo, apresentando a metadramaturgia e o duplo em suas peças. O dramaturgo induz à reflexão sobre as ações das pessoas, de modo que, na sua peça, personagens têm uma história não-vivida, mas escrita por um autor, fazendo alusão a um escritor definindo a história de todos, havendo, assim, uma analogia à realidade. Dito isto, é notável um paralelo com o real, evidenciando o duplo como importante ferramenta para o estilo de vida humano, sendo esse um objeto a ser estudado.  Nesse raciocínio, Clément Rosset (2008) identifica o duplo na realidade do ser humano, de modo a estabelecer as fronteiras do real diante de uma ilusão, sendo essa o duplo do real. Dessa maneira, o autor descreve os espelhamentos do cotidiano da sociedade. Sendo o duplo um conceito presente no cotidiano de todos, é possível reconhecê-lo no teatro, pois, segundo Portich (2012), as representações cênicas refletem as ações humanas no palco. Dessa maneira, entende-se que o duplo não é um conceito tangível, mas que ocorre mentalmente. Assim, para a definição e identificação do duplo foram utilizados os trabalhos de Otto Rank (2013), que explica essa concepção a partir da psicanálise. Sendo assim, o trabalho buscou definir e apresentar o duplo na dramaturgia, de maneira a comparar tais conceitos com a realidade, tendo em vista a função social do teatro ao ser o espelhamento do humano.