Poética da travessia: uma perspectiva de encontro na prática do contato improvisação.

  • Marina Trindade Cruz Universidade Federal do Pará

Resumo

Travessia é estado de caminho no fluxo contínuo que o contato improvisação traz para o corpo, seguimos deixando e levando, o presente, que é esquecimento e lembrança preenchidos de agora. Nessa tessitura desenho um percurso de travessia, me desloco em diferentes espaços-tempos de práticas do contato improvisação, entre o lugar de praticante e facilitadora, rumo ao encontro que desvela sensibilidades do corpo por meio do tato a experimentar o fluxo do movimento contínuo de travessias. Nos últimos dois anos participei do Retoque #1- encontro de contato e improvisação de Goiânia - GO (jul/2017), Festival Transformando Pela Prática Gamboa - SC (fev/2018), Df - Improvisa Dança (jul/2018), todas essas vivências me fizeram refletir sobre o caráter de residência e colaboração dos fazedores de contato improvisação (CI), aspectos que são retroalimentados pelos princípios da própria dança. A prática coletiva e colaborativa são princípios que norteiam as criações e produção cultural no espaço Casarão do Boneco, onde desde 2013, sou habitante-colaboradora por meio do grupo Projeto Vertigem (2012-2018), e facilitadora de práticas em CI. Recentemente, partilho essas reflexões no Laboratório de Práticas Híbridas do Corpo na Fundação Cultural do Pará, junto com outros artistas-pesquisadores facilitamos experiências no trânsito entre linguagens artísticas, improviso e prática sobre si. Nesse caminho, a ideia de travessia foi disparada por textos, imagens, vídeo, fotografias e registros de viagem, vestígios provocados por experiências em laboratório, convivência em residência, jams sessions e prática na natureza. A dança em contato sensibiliza a habitar um espaço “entre”, o encontro, que principia de fatores próprios da investigação do movimento, como a gravidade, peso, condução, queda, rolamentos, força centrífuga e outros. Contudo, essa narrativa dá pistas acerca de um caminho para essa travessia a partir de uma experiência pessoal partilhada em práticas coletivas. Uma escrita de criação poético-reflexiva que compõe a pesquisa de mestrado, em andamento, no Ppgartes-Ufpa, na linha de pesquisa Poéticas e Processos de atuação em Artes.

Biografia do Autor

Marina Trindade Cruz, Universidade Federal do Pará
Mestranda. Bolsista CAPES. Intérprete-criadora, professora e produtora cultural. PPGArtes- ICA- UFPa.

Referências

BONDÍA, Jorge Larrosa. Notas sobre experiência e o saber de experiência. In: Revista Brasileira de Educação, n. 19. São Paulo, p. 20 – 28, jan/fev/mar/abr, 2002. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=27501903 Acesso em: 20 de abril de 2016.

KRISCHKE, Ana Maria Alonso. Contato Improvisação [dissertação]: A experiência do conhecer o a presença do outro na dança; orientadora, Ida Mara Freire; coorientador, Nestor Habkost - Florianópolis, SC, 2012. 182p.

SALLES, Cecília. Redes da criação: construção da obra de arte. São Paulo: Horizonte, 2006.

SILVA, Hugo Leonardo da. Desabituação Compartilhada: contato improvisação, jogo de dança e vertigem. – Valença: Selo A Editora, 2014.

Publicado
2019-05-15
Seção
Territórios e Fronteiras da Cena