Consciência cênico-vivencial e corpo religado: percursos e configurações em dança contemporânea

  • Teodora Araújo Alves Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Resumo

A pesquisa discute o envolvimento efetivo do corpo no processo de criação em dança contemporânea a partir do pressuposto da consciência cênico-vivencial, isto é, aquela construída no envolvimento do corpo com o texto a ser dançado, encenado; com o espaço a ser criado-recriado, com o tempo a ser construído-reconstruído (Alves, 2010, p. 219). Reconhecendo, portanto, que há uma intencionalidade mobilizadora da ação, e, dependendo do modo como essa intencionalidade é construída no contexto de criação em dança, ela cria percepção, consciência e permite o corpo se expressar cenicamente (Alves, 2010). Ao dançar, o corpo pode se apresentar em estado flutuante ou submerso. Flutuante porque vagueia na cena em função do distanciamento do texto ou da textualidade da dança ou ainda reproduz elementos da dança sem um mergulho, sem uma consciência de si em busca de um estado mais consciente do que se dança. E submerso porque encontra-se em estado de inundação, de imersão cênica. Aqui, o corpo e a dança são um só, religados a partir da tessitura consciente e estabelecida entre o corpo-sujeito, suas idiossincrasias e memórias consideradas no processo criativo da dança e suas inventividades contemporâneas. Tratar de consciência cênico-perceptiva e de corpo religado nos obriga a buscar não apenas no campo teórico, mas, sobretudo, no campo reflexivo-vivencial da dança, a compreensão ou o desvelar de tais fenômenos. Para tanto, elegemos como campo investigativo, o elenco e o novo processo cênico do Grupo de Dança da UFRN, considerando que se trata de um processo com a intenção de abordar aspectos identitários dos corpos que dançam e ao mesmo tempo aspectos contemporâneos da dança que se propuseram a construir. A presente pesquisa, portanto, é de abordagem fenomenológica e tem desvelado os sentidos e significados do processo criativo e cênico do referido Grupo. Nesse percurso, há questões norteadoras sobre como o trabalho cênico vem sendo construído e qual o diálogo estabelecido com os corpos que dançam, na perspectiva de compreendermos se há corpos flutuantes ou corpos submersos em cena.

Biografia do Autor

Teodora Araújo Alves, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Docente do Curso de Licenciatura em Dança da UFRN e do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas; Diretora artística do Projeto Grupo de Dança da UFRN; Diretora do Núcleo de Arte e Cultura da UFRN.

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Publicado
2019-05-13
Seção
Processos de Criação e Expressão Cênicas