Dança imanente: transeunte, híbrida e multifacetada
Resumo
Este artigo consiste numa investigação analítico-bibliográfica dos desdobramentos principiais da Teoria da Dança Imanente (TDI). A TDI, criada pela pensadora do corpo e da dança Ana Flávia Mendes, é constituída por três princípios, a saber, os de (i) Imanência; (ii) Metalinguagem e; (iii) Visibilidade. Objetivamos, neste artigo, investigar as propriedades transeuntes, híbridas e multifacetadas duma feitura-senciência-conhecimentos próprios de si em processos cênicos imanentemente performados. Estes procedimentos, intrinsicamente, inventam pontes, borram planos e perpetram diálogos entre as mais diversas linguagens artísticas, a exemplo da performance, música, teatro, etc. Neste ponto enfocamos uma discussão que situa a imanência como rizoma artístico dum corpo presentificadamente singular em ato performativo, levado à cena num Corpo Dissecado, Corpo Imanente e Metacorpo, conforme propõe a TDI, de modo a se mostrarem para além das categorizações estilísticas em dança, especialmente nos dois primeiros princípios supracitados. Para isto, a abordagem metodológica adotada fora a de cunho teórico-bibliográfica analisando as movimentações teóricas que sugerem novas articulações a partir do texto-cerne Dança Imanente: uma dissecação artística do corpo no processo de criação do Espetáculo Avesso (2010), bem como de suas conversações teóricas na arte e filosofia como Katz & Greiner (2002), Sant’Anna (2001), Louppe (2000), Deleuze (1995), dentre outros.
Referências
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido. Sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004b.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
BAUMAN, Zygmunt. Tempos líquidos. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007.
BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo – a transformação das pessoas em mercadorias. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008.
BERMAN, M. Tudo que é sólido desmancha no ar - a aventura da modernidade. São Paulo. Companhia de Letras, 360 pp., 1986.
DELEUZE, G. A imanência: uma vida... Trad.: Alberto Pucheu e Caio Meira. Disponível em: http://www.letras.ufrj.br/ciencialit/terceiramargemonline/numero11. Acesso em: 08 jul. 2019.
DELEUZE, G. O que é a filosofia? São Paulo: Editora 34, 1992.
FISCHER-LICHTE, E. The transformative power of performance: a new aesthetics. Translated by Saskya Iris Jain. London. New York: Routledge, 2008.
FURINI, I. Multifacetado. São Paulo, 2016. Disponível em: https://isabelfurini.blogspot.com/2018/10/multifacetado.html?m=0. Acesso em: 08 jul. 2019.
GOMES, R. F. Corpo Imanente, entre arte e sociedade. In: LEITE, E. Estética e história da arte – Rompendo fronteiras: arte, sociedade, ciência e natureza. São Paulo: Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, 2018.
HALL, S. A Identidade cultural na pós-modernidade. 11. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
HERÁCLITO DE ÉFESO. Fragmentos. Tradução de José Cavalcante de Souza. In: Pré-Socráticos. São Paulo, coleção “Os pensadores”, Abril cultural, 2º edição, 1978.
KAPROW, A. Performance e colaboração: estratégias para abraçar a vida como potência criativa. / Thaise Luciane Nardim.– Campinas, SP: [s.n.], 2009.
KATZ, H. GREINER. C. A natureza cultural do corpo. In: SOTER, Sílvia; PEREIRA, Roberto (Org.). Lições da dança 3. Rio de Janeiro, UniverCidade, 2002.
LAGE, M. Performance e presentificação: sobre a forma artística/estética no instante. Viso: Caderno de Estética Aplicada, [s.l.], v. 22, n. 1, p.132-145, 30 jun. 2018. Pro Reitoria de Pesquisa, Pos Graduacao e Inovacao - UFF.
LOUPPE, L. Corpos híbridos. In: ANTUNES, Arnaldo et al. Lição de dança 2. Rio de Janeiro, UniverCidade, 2000.
MENDES, A. F. Dança imanente: uma dissecação artística do corpo no processo de criação do espetáculo avesso. São Paulo: Editora Escrituras, 2010.
MOEHLECKE, V.; FONSECA, T. M. G. Da dança e do devir: o corpo no regime do sutil. Rev. Dep. Psicol., UFF , Niterói, v. 17, n. 1, p. 45-59, junho de 2005.
ROCHA, T. Dança e liquidade: um estudo sobre tempo e imanência na dança contemporânea. Salvador: Dança, v. 2, n. 1, p. 9-21, 2013.
SANT’ANNA, D. B. Corpo de passagem: ensaios sobre a subjetividade contemporânea. São Paulo: Estação Liberdade, 2001.
SANTANA, I. Corpo aberto: Cunnigham, dança e novas tecnologias. São Paulo, Educ, 2002.
SILVA, E. R. Dança e pós-modernidade. Salvador, EDUFBA, 2005.
SOUZA, A. V. M; SANTOS; V. S. Aprendência(s) nômade(s): expressões de multiplicidade. In: Anais do Colóquio Internacional “Educação e Contemporaneidade”, vol. 5. São Cristóvão. Anais eletrônicos: São Cristóvão: EDUCON. 2011.