(Trans)bordar fronteiras: estetica bugresca para descolonizar corpos biogeográficos

Resumo

O conceito de arte no ocidente está assentado na ideia fundamental da colonialidade edificada em uma matriz de poder com pretensões universalistas. Uma matriz totalitária da razão moderna, a partir da ideia de exploração de uns muitos para favorecimento de muitos poucos, edificada desde a invenção da noção de raça. O Projeto Moderno, instaurado desde o Renascimento europeu, continua sendo desenvolvido na arte na atualidade, sustentado pela lógica/retórica, tanto do capitalismo como do socialismo, que toma distância de outros pensamentos que questionam a modernidade “(Nietzsche, teoria crítica, Foucault, pós-estruturalismo, pós-modernismo)” (MIGNOLO, 2014, s/p), mas que, da ótica descolonial, são considerados eurocentrados e incapazes de dar conta do silenciamento de outras culturas inerentes à colonialidade (MIGNOLO, 2014). Igualmente na contemporaneidade várias teorias/teóricos insistem em tratar das produções artísticas brasileiras do mesmo modo que são tratadas as produções artísticas produzidas na Europa ou Estados Unidos: importando e aplicando conceitos e teorias que migram dos “centros no ocidente” a produção crítica e teórica brasileiras, na sua grande maioria, encaixam os corpos biogeográficos artísticos brasileiros em formatos estabelecidos para corpos nórdicos e norte-americanos. Diante desta situação apresentada, este trabalho quer discutir, como proposta descolonial para os corpos artísticos latino-americanos, por conseguinte brasileiros, uma opção outra de estética – Estética Bugresca (BESSA-OLIVEIRA, 2014; 2015) – que oportunize descolonizar corpos artísticos biogeográficos de lugares que estão fora do contexto ocidental dos discursos hegemônicos na arte e na cultura para priorizar o ser, o saber e o sentir sensíveis na arte; seja na produção artística, seja na teoria ou na produção de conhecimento através das artes nas suas diferentes linguagens.