Epistemologias contemporâneas: estudos de caso da cena labaniana brasileira

Resumo

A dança moderna no Brasil nasceu da prática de artistas europeus imigrantes que incorporavam a práxis de Rudolf Laban em seus fazeres artísticos-pedagógicos (NAVAS; DIAS, 1992; SCIALOM, 2015). Considerando a existência da práxis Labaniana no Brasil (e sua relevância para a história e ascensão da dança moderna local) durante mais de sete décadas de atividades artísticas e pedagógicas no país (desde 1940), neste artigo viso levantar a discussão dos processos antropofágicos de apropriação realizado por três artistas-pesquisadoras brasileiras que vem subjetivando a práxis Labaniana em suas pesquisas pessoais: Ciane Fernandes, Lenira Rengel e Regina Miranda. Desta forma, os processos de subjetivação (Deleuze, Rolnik e Foucault) e antropofágicos (Andrade) de cada artista permitiram que uma prática e filosofia do movimento modernista e europeia fosse absorvida, digerida e descolonizada pelo corpo-cultura brasileira, transformado em práticas contemporâneas originais e singulares.

Biografia do Autor

Melina Scialom, Universidade Estadual de Campinas
Pesquisadora de Pós-Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena da UNICAMP. Doutora em Dança pelo Centro de Estudos da Dança/ Departamento de Dança da Universidade de Roehampton.

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Seção
Epistemologias do Sul na pesquisa em artes cênicas e nas práticas da cena contemporânea expandida