Caminhares periféricos: a potência do caminhar no teatro de rua contemporâneo
Resumo
Frente à ruptura epistemológica com os conceitos de sujeito e mundo, local e global, centro e periferia como unidades isoladas, é possível pensar na noção de um artista caminhante que se apropria do espaço público para a produção de diálogos com o teatro imanente nas ruas das cidades. Pensando nas criações estéticas produzidas nas periferias urbanas contemporâneas, sobretudo em Fortaleza, e atento às ideias de Hélio Oiticica, Baudelaire e João do Rio, defendo aqui um artista caminhante, aquele que, observando os espaços, percebe a sua implicação direta na produção da experiência de cidade, revista a partir de seu contato direto caminhando nas ruas das periferias urbanas.Referências
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