A Companhia de Revistas Beatriz Costa com Oscarito e o circuito transnacional do teatro no Rio de Janeiro dos anos 1940

Resumo

Novas abordagens das histórias globais do teatro têm estimulado investigações sobre o caráter transcultural, transnacional e global das práticas e representações teatrais, assim como suas formas de circulação e efeitos. A visão pós-colonial e os estudos culturais reinterpretam a hegemonia dos modelos ocidentais procedendo à reconstrução de cruzamentos culturais no complexo campo do teatro e do espetáculo, desvendando e expandindo o conhecimento sobre as redes de trocas artísticas entre Brasil e Portugal. No Rio de Janeiro, entre os anos 1942 e 1945, a temporada da Companhia de Revistas Beatriz Costa com Oscarito apresenta um repertório que transita entre espetáculos portugueses e brasileiros, interpretados alternadamente por artistas das duas nacionalidades. Ao lado de Oscarito, um dos melhores cômicos da cena nacional, a vedete portuguesa Beatriz Costa protagoniza cenas de sua terra distante em quadros típicos da cor local, encarnando tipos brejeiros e sedutores, divertindo conterrâneos e brasileiros. Em cena, a atriz se desterritorializa interligando imagens e narrativas de uma nação para outra ao conectar diferentes contextos culturais, gerando desta forma um processo contínuo de aproximação entre as duas culturas.