Entre nós, quem cabe na dança? A bailarina gorda ocupa o espaço

Resumo

Este texto narra a descoberta de uma bailarina, que ao se deparar com a representatividade e militância gorda das redes sociais, se reconhece enquanto uma bailarina gorda. Assim, ela interrompe as tentativas de caber e ocupa seu espaço na dança. Para tanto, será contextualizado os atravessamentos que este corpo tem perpassado, em uma sociedade que se pauta em um estereótipo de magreza, e que estigmatiza e marginaliza os corpos gordos. O âmbito da dança não se afasta deste contexto e muitas vezes até reforça tais questões, reproduzindo em lentes de aumento as relações da sociedade. Portanto, através desta narrativa, pretende-se refletir a importância da representatividade das bailarinas gordas nas redes sociais, partindo da noção da filósofa Malu Jimezes, de autoetonografia dos estudos do corpo gordo. A experiência da aproximação da autora, com suas pares no ciberespaço, será evidenciada através de três principais referências: a bailarina Rafaela Machado, a pole dancer Drea Costa e a cantora e compositora Aila Menezes.

Biografia do Autor

Renata Teixeira Ferreira da Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutoranda em Artes Cênicas pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, orientada pela professora Doutora Silvia Patrícia Fagundes. Mestra em Artes Cênicas pelo mesmo PPGAC-UFRGS e Licenciada em Teatro pela UFRGS. Bailarina da companhia de dança indiana Nrty, da cidade de Novo Hamburgo.

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Publicado
2021-12-16
Seção
Mulheres da Cena