APROXIMAÇÕES ÀS NOÇÕES DE PRESENÇA CÊNICA E EROTISMO NO TRABALHO DE CARLOS SIMIONI

  • Camilo Scandolara Universidade Estadual de Londrina

Resumo

Esta comunicação apresenta aspectos da pesquisa de doutoramento voltada à abordagem da noção de presença na trajetória teatral de Carlos Simioni. Aqui se busca, por meio da aproximação às noções de presença e de erotismo (esta considerada nas perspectivas de Georges Bataille, Michel Onfray e Eliane Robert Moraes), estabelecer problematizações relacionadas à presença cênica e ao trabalho do ator sobre si mesmo, principalmente no que concerne a uma experiência profunda e integrada do ser gerada pela experiência limite da concretude da carne. Isto parece se relacionar diretamente a aspectos fundamentais das pesquisas de Simioni. Bataille define o erotismo como a vida intensificada por meio do gasto inútil de energia; como a experiência interior da transgressão do humano (portanto, transgressão do interdito, da lógica do trabalho e da lógica da linguagem) gerada pelos excessos do corpo. Nesta perspectiva, o erotismo pode ser compreendido como produção de efeitos, ou momentos, de presença de extrema potência transformadora. Trata-se sempre da experiência de uma violência que desestrutura categorias de corpo, presença e percepção excessivamente fixadas. Desta maneira, é possível pensar a presença fora dos limites das noções de eficácia, ética do trabalho e impacto unicamente sensorial sobre a percepção do espectador, apontando para algo que se situa, mais propriamente, em uma dimensão relacional fundada na dissolução de formas constituídas.

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Publicado
2018-06-14
Seção
Territórios e Fronteiras da Cena