Nebulosas em rotação: efemeridade e permanência em dança

  • Cássia Navas-Alves de Castro

Resumo

O trabalho aborda questões da efemeridade e permanência em dança, partindo
para a contextualização de aspectos da atividade de consultoria realizada pela
pesquisadora no programa TD – Teatro de Dança, da Secretaria de Estado da
Cultura (2006-2011). A constatação de que a mediação (relação arte e plateia)
seja a topologia onde se coloca a efemeridade da arte da dança,
diferentemente de discursos que a localizam na “obra de arte em si”, embasa a
discussão para a importância dos espaços específicos onde o “exercício de
circulação” (ADOLPHE, 1997) da dramaturgia da dança se estrutura. Em
contraste com a visão fenomenológica do espetáculo, que segundo Pavis
(2008) centraliza no público o protagonismo da construção do sentido da
dança, trabalha-se a difusão direta da obra sob o ponto de vista da mediação,
fenômeno eivado de efemeridade, topologizado no entrechoque de dois polosemissão
(palco/ cena/ obra/ coreografia) e recepção (plateia/ público/
audiência). Contextualizar as condições em que este “entre” pode se abrigar,
por exemplo, um espaço de programação exclusiva para a dança, enquanto
topus de mediação artística e política, é falar da “efemeridade” e da
“concretude” da obra de dança, como em Adorno (1988), atualizando-se, ainda,
a discussão sobre certas estratégias de formação de plateias e públicos.

Referências

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Seção
Pesquisa em Dança no Brasil: Processos e Investigações