Os dois cavalheiros de Verona pelo grupo Nós do Morro: espaço gestual como cenografia

  • Joana Angélica Lavallé de Mendonça Silva
  • Evelyn Furquim Werneck Lima

Resumo

O presente artigo parte tanto da presença do grupo teatral carioca Nós
do Morro e suas sedes na Favela do Vidigal como “espaços de utopia” no Rio
de Janeiro, quanto da constatação da potência de espacialidade presente no
texto shakespeariano para criadores e espectadores do século vinte e um. Aqui
tomaremos a cena elisabetana1, contexto de origem desta dramaturgia, tal
como é apreendida por alguns criadores do teatro contemporâneo ocidental, ou
seja, como vontade utópica de encontro entre o público e a cena. Como a
pesquisa enfatiza a questão da cenografia, levaremos em conta as relações
espaciais como deflagradoras deste encontro, consideradas de modo não
hierárquico. Patrice Pavis (2010), manifestando-se acerca das cenografias
contemporâneas, entende que “à custa de estender o seu campo de ação, a
cenografia aproximou-se da encenação a ponto de não se poder mais
distingui-las” (PAVIS, 2010: 102).

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