O En(tre) lugar da Dança Contemporânea na Bahia e no Recife: A pesquisa sobre as reelaborações estéticas coreográficas do Balé Folclórico da Bahia e do Grupo Grial de Dança

  • Maria de Lurdes Barros da Paixão

Resumo

Este artigo apresenta resultados da tese de Doutorado em Artes defendida em
fevereiro de 2009 na Universidade de Campinas /UNICAMP. Tece análises sobre a Dança Contemporânea elaborada e ressignificada em dois diferentes contextos sócio-históricocultural brasileiro. Para isto realiza-se uma análise das diferenças e similitudes nas reelaborações etno-ética-estética-coreográfica e dramatúrgica do Balé Folclórico da
Bahia/Salvador/BA e do Grupo Grial de Dança/Recife/PE a partir dos elementos presentes nos signos, símbolos, mitos e danças de origem afro-brasileira. As questões levantadas apontam que estas danças podem ser fontes de produção artística e criação coreográfica concebendo uma proposição dramatúrgica para a Dança Contemporânea Brasileira. Transpondo fronteiras geográficas e culturais, este artigo descreve as possibilidades de pesquisa e criação artística a partir da temática afro-brasileira baseada nas relações tecidas entre corpo, memória, tradição e contemporaneidade. A metodologia utilizada será a análise fenomenológica orientada na proposta da etnóloga Juana Elbein dos Santos. O referencial teórico traz autores como Bastide (1983), Kerkhove (1997), Munanga (1999), Santos I. (2006), Santos J. (1996), Silva e Calaça (2006), Suassuna (1977, 2004) e Verger (1997) para ratificar as idéias apresentadas. A análise videográfica e a utilização dos princípios da dança africana são os elementos norteadores do processo de pesquisa sobre as criações coreográficas do Balé Folclórico da Bahia e do Grupo Grial de Dança. Essas estratégias possibilitam apontar caminhos que explicam como estas companhias de dança lidam com a estética e os conceitos de arte africana no âmbito da Dança Contemporânea Brasileira. Propõe-se uma dramaturgia para a Dança Contemporânea, baseada em princípios etno-ético-estéticocoreográfico e dramatúrgico referenciada na pluralidade das danças tradicionais populares de origem afro-brasileira.

Referências

CANCLINI, Nestor Garcia. Culturas Híbridas: Estratégias para entrar e sair da Modernidade. Trad. de Heloísa Pezza Cintrão, Ana Regina Lessa. 2 ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1998. (Ensaios Latinos-Americanos, I).

KERKHOVE, MarianneVan. Dossiê Dança e Dramaturgia. Tradução de Cássia Navas. Bruxelas: Contredanse, 1997.

PINHEIRO, Délio; SILVA, Mª Auxiliadora. (orgs.). Visões imaginárias da Bahia: diálogos entre a geografia e a literatura. Salvador: EDUFBA: Universidade Federal da Bahia, Instituto de Geociências, Mestrado em Geografia, 2004.

RÊGO, Maria Paula Costa. Dez anos de Dança Armorial. In: Continente Multicultural, Ano VII, n. 73, Janeiro de 2007.

SANTOS, Inaicyra Falcão dos. Corpo e ancestralidade: uma proposta pluricultural de dança- arte- educação. São Paulo, Terceira Margem, 2006.

SANTOS, Juana Elbein dos. Os Nagô e a Morte. Petrópolis: Vozes, 1996.

SILVA, Dilma de Melo; CALAÇA, Maria Cecília Félix. Arte africana e afro-brasileira. São Paulo: Terceira Margem, 2006.

SUASSUNA, Ariano. O Movimento Armorial. Recife, CONDEPE, 1977. Separata da Revista Pernambucana de Desenvolvimento; Recife, 4(1): 39-64, Jan/Jun. 1977.

Seção
Pesquisa em Dança no Brasil: Processos e Investigações