Vozes plurais no semiárido baiano: vivências do Grupo de Teatro Mutart

Resumo

A percepção estética do universo das artes cênicas caracteriza um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana, sendo essa ação tão plural, dinâmica e significativa. É no contexto da renovação do teatro brasileiro na segunda metade do século XX compreendo o reflexo de um grupo de teatro marcado por uma alternativa mais democrática e independente. Essa abertura e visibilidade ratifica o argumento de que, o teatro além de ser uma excelente ação pedagógica, é um campo potencializador que favorece o desenvolvimento sócio-histórico-cultural do indivíduo. E, em 1981, na cidade de Senhor do Bonfim, no semiárido baiano, nasce o Grupo de Teatro (gay) Mutart. Diante de sua trajetória artística, é preciso ressignificar a história do Grupo Mutart, preservar e valorizar a memória de seus processos de encenações, ratificar a importância da pluralidade cultural e refletir os seus processos de lutas e enfrentamentos. Boa parte dessas informações podem ser encontradas em fontes como, jornais, revistas da época, entrevistas e outras referências que venham contribuir com essa pesquisa. Por ter o Grupo de Teatro Mutart vivenciado e experienciado o início do período da abertura política no Brasil, o objetivo deste trabalho é compreender e discutir as contribuições e os enfrentamentos vivenciados pelo Grupo de Teatro Mutart e refletir como esse discurso identitário sofreu restrições à liberdade de criação. Além de estarem indo além da normatização e normalização imposta pelo sistema, o Grupo ultrapassou as fronteiras do preconceito, através da cena e de personagens que traziam uma carga simbólica muito intensa e repleta de desdobramentos. As ações dessas forças que estão sempre circulando, mantêm-se uma relação de lutas e de choques que de alguma maneira atribui um sentido singularizado pelo próprio modo de ser, deixando ferver suas subjetividades por uma nova relação ética-estética-política.