Casa da Ópera na lama e com má fama: o primeiro teatro do Recife
Resumo
A primeira casa de espetáculos do Recife foi inaugurada em 1772 e, entre períodos áureos para a arte cênica ou de silêncios e de suposta decadência, sobreviveu até 1850, o mesmo ano de inauguração do Teatro de Santa Isabel, símbolo de uma nova fase para espectadores, artistas e técnicos. Este artigo investiga os discursos lançados àquele espaço por diversos pesquisadores ou visitantes em viagem ao Brasil, as representações construídas sobre o fazer teatral daqueles tempos, suas estratégias de sobrevivência para se manter como diversão social, a repercussão do que se via em cena como programação, as personalidades que ganharam registro nesta trajetória e as críticas e necessidades de mudança que trouxeram transformações significativas ao campo cultural e artístico no Recife, pondo fim àquele que, durante 78 anos, foi o principal palco da capital pernambucana, o "Teatro Público da Cidade" ou “Capoeira”, como foi pejorativamente apelidado por seu aspecto nem tão atraente. Um dos poucos centros de gravitação social do Recife nos séculos XVIII e início do XIX, a Casa da Ópera ganhou alcunhas que persistem até hoje nas impressões deixadas à historiografia. Um controverso espaço cultural que deu o que falar/escrever, hoje quase não mais lembrado.
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