Subversões e subversivxs: a infância, a criação de espaços de exceção e os projetos em dança
Resumo
O presente texto, de teor ensaísta, assumi a responsabilidade de, por meio de um relato de experiência, revelar os caminhos adotados para a elaboração de projetos em Dança ofertados a oito Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI) da cidade de Goiânia. Tais construções partiram de um dos pressuspostos centrais do grupo de trabalho do Projeto de Cultura e Extensão cujo título é Dançarelando, vinculado ao curso de Licenciatura em Dança da Universidade Federal de Goiás (UFG) que tem como norte a concepção de criança como sujeitos de direitos contextualizados, assumindo-as como protagonistas de suas vidas (SAYÃO, 2002). Para tal, a equipe integrante do projeto imerge em um processo de reconhecimento: (a) da cidade consoante ao pensamento de autores como Lefebvre (2011); Harvey (2014) e Tonucci (2010), (b) do bairro e cultura produzida pelas crianças conforme Ferreira (2010), (c) dos espaços de exceção onde reelaboram suas percepções acerca do mundo, e (d) dos projetos em andamento, desenvolvidos pelas professoras regentes dos CEMIs. Tudo isso almejando a oferta de experiências dançantes que façam sentido à pequenada e contribuam com a ampliação das experiências de si, do outro, da arte e dos sentidos. O descortinar de tais caminhos pode favorecer a troca de experiências sobre as práticas educativas em dança para inspirar ações diferenciadas, despertando adaptações e apropriações em função das particularidades de cada local, além de oportunar uma construção de pedagogias da dança que respeitem a liberdade de expressão e dignidade e a inteligência infantil.Referências
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