Questões de sexualidade, gênero e censura em “O beijo no asfalto”
Resumo
Este trabalho tem como objetivo principal analisar a obra O Beijo no Asfalto (1961) em sua primeira montagem, considerando os aspectos que a aproximam das discussões atuais sobre sexualidade e gênero. Para isso, o percurso da reflexão passa por pontos importantes como a linguagem que Nelson Rodrigues utiliza para expressar as questões de sexualidade e gênero em sua dramaturgia; as reações dos públicos para estes conteúdos e as censuras que incidiram sobre a montagem. As reflexões sobre a primeira montagem de O Beijo no Asfalto consideram também o contexto político social dos anos 1960 e são orientadas pelos estudos queer[1]. Em especial, o pensamento feminista de Judith Butler e seu paralelo com aspectos da cena teatral contemporânea. Isso porque se percebe a importância do teatro como uma linguagem capaz de criar e difundir formas de representar que deem conta de levar para a cena as questões sociais latentes de cada época.
[1] Queer é uma palavra recorrente neste e em outros estudos sobre sexualidade e gênero. Aqui foi adotada a definição de Richard Miskolci que define queer como a recusa dos valores morais violentos que fazem valer a existência da linha da abjeção, ou seja, “fronteira rígida entre os socialmente aceitos e os objeto de humilhação e desprezo”. (MISKOLCI. 2010. p. 25)
Referências
BUTLER, Judith. PROBLEMA DE GENERO – feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
BRANDÃO, Tânia. A MAQUINA DE REPETIR E A FÁBRICA DE ESTRELA - Teatro dos Sete. Rio De Janeiro: 7 Letras, 2002.
CASTRO, Ruy. O ANJO PORNOGRÁFICO. São Paulo: Companhia das Letras,1992.
COSTA, M. C. C. CENSURA EM CENA: teatro e censura no Brasil / Arquivo Miroel Silveira. São Paulo: EDUSP; FAPESP; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006.
MISKOLCI, Richard. TEORIA QUEER: um aprendizado pelas diferenças. 3ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.
RODRIGUES, Nelson. O BEIJO NO ASFALTO. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.