Procedimentos e operações para o ator em formação frente aos “textos clássicos” da dramaturgia ocidental

  • Daniel Marques da Silva Universidade Federal da Bahia

Resumo

Presente como uma atividade de caráter obrigatório na maioria dos currículos das
escolas de formação de atores no Brasil, a atuação em textos clássicos apresenta uma grande dificuldade para os professores de Interpretação e, sobretudo, para os alunos. A designação “textos clássicos” é razoavelmente abrangente e pode abarcar desde Ésquilo até Dumas Filho ou Büchner, e mesmo Martins Penna. Ainda podem ser vistos como textos clássicos da dramaturgia ocidental boa parte da produção do século XX, como a obra de Lorca, Ionesco ou mesmo Nelson Rodrigues e Jorge Andrade.
Escritos segundo normas e convenções teatrais de outras épocas e com uma
distribuição de papéis relacionada a um modo de produção teatral específico, textos considerados clássicos oferecem dificuldades que dizem respeito, por exemplo, à distribuição do elenco, ou ainda características mais específicas e pertinentes ao trabalho do ator, como falas em versos ou composição de personagens obedecendo a lógicas distantes da realidade do aluno de Interpretação.
Utilizando a designação “textos clássicos” para tratar do enfrentamento do ator em
formação com esta dramaturgia, mas não pretendendo uma discussão ligada ao campo da literatura dramática, esta comunicação almeja oferecer subsídios e caminhos para a abordagem e aproximação destes textos, relacionando alguns procedimentos: o expediente do curinga, a utilização de coros e de outros recursos épicos, o uso da música ou de outras linguagens artísticas.

Referências

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