“Pedro Pedreiro”, “Bye Bye Brasil”, “Pelas Tabelas”: rumo ao colapso do tempo histórico

  • Daniela Vieira dos Santos Universidade Estadual de Campinas

Resumo

A questão do tempo histórico no cancioneiro de Chico Buarque de Hollanda não é algo novo. Desde as suas primeiras composições essa problemática foi abordada, ainda que sob diferentes pontos de vista. Nesse artigo, buscarei somar o assunto a duas diretrizes que, de certo modo, estão relacionadas: o processo de modernização à brasileira e o fim da perspectiva de entoar o país do futuro. Para tanto, o texto divide-se em duas partes. Primeiro, demonstro como a obra de Chico Buarque perpassada pela melancolia radical vincula-se à perda da imagem do país do futuro e, em segundo, analiso como esse “futuro” se concretizou. O primeiro ponto sintetiza-se em várias canções do início da carreira de Chico, porém, a questão será aqui considerada por meio da análise sócio-histórica de “Pedro Pedreiro” (1965) que materializa o declínio das utopias à esquerda. Para sintetizar as consequências desse declínio, já no contexto da redemocratização, me deterei em “Bye Bye Brasil” (1979) e “Pelas Tabelas” (1984). Saliento que “Pedro Pedreiro” servirá como uma espécie de introdução ao principal motivo do texto: o diagnóstico do tempo preso em si mesmo no capitalismo tardio, em conjunto com as transformações do processo de modernização à brasileira.

Biografia do Autor

Daniela Vieira dos Santos, Universidade Estadual de Campinas
Doutora em Sociologia pelo Programa de Pós Graduação em Sociologia do IFCH - UNICAMP. Autora do livro Não vá se Perder Por Aí: a trajetória dos Mutantes. São Paulo: Annablume, FAPESP, 2010.
Publicado
2014-04-22
Edição
Seção
Artigos