Moacir Santos: simetrias e voice leadings em Coisa no.3
Resumo
Este artigo visa apresentar alguns procedimentos relevantes de simetrias e voice leadings dentro da linguagem harmônica do compositor brasileiro Moacir Santos, a partir da peça Coisa no.3. Trata-se de uma das obras integrantes do disco Coisas (1965), estreia fonográfica de Moacir que definiria consideravelmente seu estilo e seus processos criativos. De forma geral, o disco se baseia em materiais melódicos e variações motívicas notadamente simples, instrumentação próxima ao estilo cool jazz, presença marcante de percussão afro-brasileira, capacidade de contenção e variação no uso dos recursos orquestrais, além de uma harmonia que oscila entre trechos tonais, modais e pós-tonais. Dentro do álbum, contudo, a exatidão no tratamento de diversos elementos revela uma dimensão ampla de conteúdo musical manipulada por seu autor. É nesse sentido que Coisa no.3 traz um exemplo emblemático de como detalhes específicos de simetrias e voice leadings contribuem para dar sentido ao discurso artístico, conferindo-lhe alto nível de minúcia por trás da superfície econômica.